"Não são os adolescentes que não têm limites, são os pais".

Segundo o psicoterapeuta e educador Leo Fraiman, autor do livro “Meu filho chegou à adolescência, e agora? Como construir um projeto de vida juntos” (Editora Integrare), nem tudo que o adolescente faz é por birra ou pura rebeldia. E, antes de culpá-los por um relacionamento distante, os pais também devem notar os próprios erros. 


Ao longo dos últimos anos venho sentindo, tanto como psicoterapeuta quanto como educador, uma onda de abandono muito grande nas famílias brasileiras. Em nome de ser moderno, de ser amigo do filho, de se estar muito ocupado, os pais acabam largando os filhos precocemente, como se os adolescentes não precisassem mais de cuidados. Mas é durante a adolescência que o cérebro está começando a treinar a capacidade de decisão, de consequência dos atos e, com isso, os pais devem continuar por perto. 


O papel do pai é ser participativo, mas este é o maior desafio também. O pai participativo é aquele que equilibra afeto e firmeza. Sabe dar carinho, elogio e afago, mas ao mesmo tempo sabe manter a palavra e não cai na chantagem emocional do filho. E é esse o pai que não negocia uma boa educação e os cuidados com a saúde. É aquele pai que se esforça para jantar junto, que vai buscar o filho em uma balada – mas em um horário adequado –, que abraça o filho, que vê o boletim e discute o que está sendo aprendido.


As famílias estão menores, as cidades mais violentas e os adolescentes são criados de uma maneira mais isolada e dentro das redes sociais. Antigamente os filhos tinham que esperar para ganhar presentes, hoje a criança leva um presente para casa ao retornar da padaria com o pai. Vivemos em uma cultura de abandono e imediatismo e é quase como se tivéssemos um padrão adolescente, de que agir como um adolescente é a melhor ideia. O problema em gerar uma cultura em que o melhor é agir como um adolescente é comunicar ao adolescente que ele é o rei do universo – e que crescer é uma porcaria.


Se o pai entende que a irritabilidade de um adolescente é natural, por exemplo, ele não ficará tentando colocar imposições no meio do furacão. O filho, às vezes, vai ficar emburrado e nem toda discussão vai acabar bem. Mas o pai não pode se esquivar. O limite, nesta hora, seria o pai entender que o filho está em uma fase singular, com as emoções à flor da pele, quando tudo é mais intenso, e ser autoritário ou muito permissivo é uma péssima ideia. Ser um pai participativo é, realmente, um grande desafio. Mas é a maior chance que os pais têm de colher o mérito no futuro, com uma família unida, saudável e madura.




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